Fotos: Carlos Wred/Agência O Dia & George Magaraia/Portal IG
O Ministério Público Federal
(MPF) deu entrada em ação pública para anular parte da resolução do Conselho
Federal de Psicologia que proíbe que profissionais prometam a ‘cura’ de
orientação sexual.
A ação, proposta por três procuradores
do Rio, argumenta que a norma “impede que psicólogos atendam clinicamente
homossexuais que desejam mudar a orientação sexual”. O pedido do MPF deixou
ativistas de direitos humanos indignados.
“Retomar a discussão sobre a
homossexualidade ser ou não ser doença é um absurdo do mesmo tipo que seria a
discussão sobre se o Sol gira em torno da Terra. Um dos procuradores, o Fábio
Aragão é evangélico e está colocando o cargo dele a serviço da crença pessoal
dele. Isso é um erro grave porque a Justiça deve ser laica”, afirmou o deputado
federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) ao site O Dia.
A resolução 01/99 do Conselho
Federal de Psicologia, de março de 1999, se baseia na classificação da
Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a OMS, a homossexualidade não é
doença, distúrbio nem perversão. Portanto, não é passível de cura.
REVOLTA
“Onde o Brasil está querendo
chegar? Quer ir à contramão da política dos Direitos Humanos? A OMS já deu
parecer que a homossexualidade não é doença. Não cabe ao MPF questionar isso,
mas, sim, defender as minorias. Na minha opinião, essa ação é um desserviço que
desqualifica o Judiciário”, afirma o estilista e ativista pelos direitos LGBTs
Carlos Tufvesson.
A ação, que teve o pedido de
liminar rejeitado em 1ª e 2ª instância, afirma que o conselho permite que o
psicólogo trate o “cidadão que deseja sair da heterossexualidade para tornar-se
homossexual”.
O pedido do MPF argumenta que a
resolução “viola tanto os direitos dos psicólogos quanto o direito daqueles que
optarem pelo auxílio psicológico para resolver a angústia que traz a opção(sic)
sexual que está seguindo em dado momento da vida”.
BANCADA EVANGÉLICA LUTA EM BRASÍLIA
Semana passada, discussão do
projeto legislativo do deputado João Campos (PSDB-GO) – que tenta derrubar a
resolução do Conselho de Psicologia e liberar atendimento para quem queira
mudar a orientação sexual – gerou tumulto no Congresso.
O tema mistura política e
religião: Campos é da bancada evangélica. O pastor Joide Miranda, 47, defende o
ponto de vista polêmico. Ex-travesti, hoje casado e pai de um menino, ele
fundou em Cuiabá a Associação Brasileira de Ex-LGBTTs, que ajuda pessoas que “desejam
deixar voluntariamente o estado de homossexual”. “Deus restaurou minha
identidade”, diz.
Fonte: Gay1
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