sábado, 14 de julho de 2012

Empresas ainda falham na inclusão de homossexuais

Foto: Getty Images

Desde o início do ano, o debate público a respeito de direitos LGBTs tem sido intenso. Se, por um lado, houve um avanço importante no reconhecimento da união estável entre pessoas do mesmo sexo, também foram vistas, nos últimos meses, manifestações de ódio, que vão de linchamentos a declarações condenáveis de políticos. Essa mesma dinâmica da sociedade é reproduzida no ambiente de trabalho. Nas empresas, a homofobia é um assunto proibido, mesmo em lugares que promovem a diversidade.

“Trata-se de um reflexo da cultura machista brasileira, um traço profundo da própria identidade nacional”, diz Hélio Arthur Reis Irigaray, professor da Fundação Getúlio Vargas e da Pontifícia Universidade Católica, ambas do Rio de Janeiro, e autor de uma tese de doutorado sobre orientação sexual e ambiente de trabalho brasileiro.
Na entrevista a seguir, Arthur Irigaray mostra que ainda há muito a avançar:

Como a homossexualidade é tratada no ambiente corporativo?

As organizações tem um discurso certinho, de responsabilidade social e inclusão de minorias. Mas ao ouvir um homossexual descrever a vida corporativa, tudo muda de figura. Até hoje existem casos de gays agredidos fisicamente no trabalho, mesmo em corporações com política de diversidade. O homem branco heterossexual tem muito mais facilidade para progredir na carreira do que o gay.

No caso de homens homossexuais, eles são bem aceitos quando são cabeleireiros, comissários de bordo, profissionais das artes, que são carreiras associadas às mulheres. Fora isso, os gays assumidos esbarram em tetos invisíveis. A dificuldade de crescimento profissional existe mesmo em companhias com políticas de inclusão estabelecidas.

As políticas de diversidade não são efetivas então?

Não são. A discriminação contra homossexuais existe e está associada à discriminação sofrida por mulheres. Quando igualo um homem gay à mulher, é para dizer que ele é frágil, fofoqueiro, instável emocionalmente. Ao desqualificar gays, mulheres, negros e outras minorias, faz-se uma reserva de cargos na elite para homens brancos heterossexuais.
Fonte: Você S/A

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